Juan Masiá

Juan Masiá é um Teólogo Jesuíta, Professor de Ética da Universidade Sophia (Tóquio) desde 1970, ex-Director da Cátedra de Bioética da Universidade Pontifícia Comillas em Espanha, assessor da Associação de Médicos Católicos do Japão. É tambem investigador do Centro de Estudos sobre a Paz da Secção japonesa da Conferência Mundial de Religiões pela Paz (WCRP).
É autor de vários livros entre os quais "A Sabedoria do Oriente", "Do Sofrimento à Felicidade" e "Tertúlias de Bioética" e um profundo conhecedor da espiritualidade oriental.
Aqui ficam algumas das suas ideias retiradas de uma entrevista que concedeu à TSF em Julho de 2007.

"O tema da evangelização e da missão está a passar por uma mudança decisiva. Eu trabalho com budistas e pessoas de outras religiões e temos um conceito de missão que não significa que eu converta os outros à minha religião, mas que as outras religiões e eu com eles, embarquemos numa nova missão que é ajudar o mundo a despertar para a religiosidade e para a espiritualidade. Dei um curso de introdução, não ao cristianismo mas à religiosidade, com budistas e pessoas de outras religiões. E nesse curso nenhum de nós tentou fazer proselitismo da sua própria religião. O que se torna necessário é que as religiões se unam para colaborar no despertar do mundo para a religiosidade e para a construção da paz e da justiça, a começar pela comunidade local. É uma noção de missão completamente diferente da tradicional."

Sobre a sua missão no Japão:
"Que os japoneses e eu nos convertamos ao mistério que nos ultrapassa a todos. É isto que o Vaticano não entende. Não vamos convertê-los ao cristianismo mas que eles e nós nos convertamos! Chame-se Deus, chame-se Buda, chame-se... aquilo a que nenhum de nós se converteu ainda. Isto é um enfoque muito mais radical da missão e da conversão. Se presumimos que já temos o campo conquistado isso é falar com o tom de segurança que utiliza a Congregação da Doutrina da Fé, no documento Dominus Iesus a propósito da salvação. Esse é o esquema que a nós, os que estamos no Japão, não nos diz nada."

Relativamente ao recente e polémico documento do Vaticano que afirma que a Igreja Católica é o exclusivo lugar de salvação diz:
"Muito simplesmente, nem esse documento nem a Dominus Iesus são admissíveis. Creio que, em consciência e em fidelidade ao Evangelho, é preciso rejeitá-los e dizer – já chega! – com toda a clareza. Há bispos que pensam assim, mas não se atrevem a dizê-lo. Mas é preciso dizê-lo sem medo ainda que incomode. Começam a produzir-se documentos nesta linha e o povo crente olha para eles como se tudo fosse dogma de fé porque vem de Roma. É preciso ensinar o povo a ser adulto, e que não comungue, como se diz em castelhano, com rodas de moinho. Monopolizar o Espírito Santo é muito sério. Diria que nenhuma espiritualidade tem o monopólio do sagrado. Nenhuma religião tem o monopólio do divino. E nenhuma Igreja cristã tem o monopólio do Espírito de Vida. O Espírito Santo diz-nos a todos: já chega de monopolizar-me! Então convida-nos a sair do exclusivismo, do fundamentalismo, a admitir o pluralismo e a perder o medo do relativismo. O Espírito Santo é o único que não muda na Igreja. O Espírito é quem nos faz mudar continuamente...."

E num discurso marcadamente ecuménico e generoso confia ainda que:
"Que o Espírito de vida permanece na Igreja católica, claro que sim, apesar de a Igreja católica, que somos todos nós, atraiçoar muitas vezes o Espírito. E permanece também em todas as Igrejas irmãs, e em todas as religiões irmãs. E, tanto nós como as outras Igrejas e Religiões somos essa mistura de autenticidade do sopro do Espírito e de inautenticidade da nossa fragilidade, da nossa debilidade humana."

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