Respirar com naturalidade - Parte I

O filósofo que se questiona o quê ou quem é o ser humano, tem algo em comum com o psicoterapeuta, que tenta ajudar outro ser humano ajudar-se a si mesmo a encontrar-se. Ambos coincidem em iluminar um caminho que nunca se acaba de percorrer e ao mesmo tempo convidando a caminhar por ele; mas percorre-lo depende de cada um.

Escreve atinadamente Hermam Hesse na introdução do seu romance DEMIAN:
" A vida de um indivíduo é uma caminhada em direcção a si mesmo, a procura de um rumo, o esboçar de um trilho. Jamais alguem, em momento algum, conseguiu tornar-se coerente com o seu interior; contudo, todos aspiram a alcançar essa harmonia. Quer a procurem com menor habilidade, quer persigam esse ideal com perspicácia, cada qual realiza-o conforme pode, mas todas as pessoas arrastam consigo e até ao fim restos do seu nascimento, mucos e membranas de um mundo primevo. Há quem nunca chegue a tornar-se num ser humano e permaneça rã ou lagarto ou então formiga. Há quem seja pessoa por cima e peixe por baixo. No entanto, cada indivíduo é uma criação da natureza em ordem ao homem. Procedemos de uma só origem - a mãe - e provimos da mesma embocadura; mas, seja qual for a pessoa, ela procurará elevar-se do abismo em direcção ao seu destino. Sabemos entender-nos mutuamente, mas somente cada qual tem capacidade para interpretar a sua própria vida."

Juan Masiá, SJ em "El otro Oriente - Más allá del diálogo"

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